No início da minha vida de libertinagem, poucas (ou nenhumas) coisas interessavam. Lembro-me de estar sentado no S., no Bairro, a beber uma daquelas bebidas que fazem mesmo mal – ainda hoje, não percebo como as serviam a putos –, preocupado com questões importantes (para um rapaz de 15 anos), como, por exemplo, sobre o que consumir no final de cada jantarada com os amigos.
Havia a necessidade de parecermos (bem) adaptados à má vida, como mais nenhum outro. Café, amêndoa amarga ou aguardentes passaram a ser correntes, mesmo com o facto dessas bebidas quase nunca nos “caírem” bem, ou nem sequer gostarmos delas. Isso era secundário.
Até que um dia, alguém do grupo se lembrou de pedir um licor. “Coisa de mulher”, pensaram (e disseram) os mais duros, fiéis ao trago difícil. O licor viajava de perto, mas poucos o conheciam. Eu lembrava-me de qualquer coisa, depois de uma visita à fábrica, na Lousã, no âmbito da defunta área escola.
Após a aproximação inicial, o Licor Beirão passou a ser o néctar predilecto. Sentiamo-nos, finalmente, completos, com um digestivo que nos sabia realmente bem. E era produto “caseiro”, do distrito.
Agora, vejo publicidades televisivas e outras pagas a peso de ouro – até com recurso a ex-pré-candidatos à presidência da república – e um cartaz gigante no eixo Norte-Sul. É de todos, mas pouco utilizado por mim. Embora cada brinde daquilo, guarde uma recordação especial.
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