quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Força da pena

Um cidadão norte-americano de origem argelina, Khalil Bendib, criou um site com os seus cartoons onde pretende retratar a actual relação entre o Ocidente e o Islão. Uma oportunidade para explorar questões sérias através do humor, sem recurso à violência: The penn is funnier than the sword!

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Jerome Murat

Sá Carneiro

Afinal foi na sequência de atentado, a queda do famoso Cessna que a 4 de dezembro de 1980 vitimou o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa - mais quatro ocupantes.

Existo há pouco mais de duas décadas, facto que apenas me permitiu acompanhar o episódio à "distância". Hoje, a revista FOCUS divulga a confissão do autor do engenho explosivo que provocou a queda do aparelho, no bairro de Camarate - já espalhada pela restante comunicação social.

Hoje, 26 anos depois! O primeiro-ministro português foi assassinado, à bomba... mas o leitor há-de demorar menos tempo a virar esta página, do que a do pedófilo de Cantanhede. É injusto!

Confissão...
Estes são alguns excertos da longa entrevista, também disponível aqui, de José Esteves:

(...) assume agora que foi o autor da bomba incendiária que provocou a queda do avião, mas que o seu plano era apenas pregar um "susto" ao general Soares Carneiro - candidato presidencial pela Aliança Democrática (AD) - e que o engenho foi alterado por forma a provocar a morte dos passageiros do Cessna (...)


(...) "fabricou a faca, mas não deu a facada". "Eu fabrico a faca, mas não dou a facada. As armas não matam. Quem mata são os homens. Em Camarate, tudo o que eu fiz foi dizer 'sim, senhor patrão'", pode ler-se na mesma entrevista (...)


(...) Em termos judiciais, o caso prescreveu em Setembro deste ano e, apesar da confissão, o antigo segurança nunca poderá ser julgado (...)

Rigor

Uma pequena discrepância niguém pode levar a mal. Afinal, a "confusão" é de apenas 102 quilómetros. Belas contas, sim senhor! Saíram os dois (Record e A Bola, respectivamente) a ganhar...

terça-feira, 28 de novembro de 2006

1, dezembro, 1640

"Portugal e Espanha nunca estiveram tão unidos"
(José Luiz Zapatero, na cimeira Luso-espanhola em Badajoz)

Permita-me discordar sr. primeiro-ministro. As minhas dúvidas, penso que factuais - isto pode-se dizer? -, remontam ao século XVI.

Claro que sei da sua condição de espanhol. Que saúdo, aliás! A explicação para a sua afirmação é, todavia, explicada pelo seu compatriota historiador Rafael Valladares, numa entrevista de Ana Nunes Cordeiro (da agência Lusa).

Diz o entrevistado: "Para os cidadãos espanhóis, o 1.º de Dezembro, data da Restauração da Independência de Portugal, em 1640, é um dia normal, cujo significado histórico desconhecem (...) Na sociedade espanhola existe uma indiferença infelizmente prolongada durante gerações face a Portugal (...) Essa indiferença decorre da frustração que a sociedade espanhola sentiu por causa da perda de Portugal e essa frustração, com o tempo, transformou-se em indiferença espanhola em relação a Portugal.".

P.S.: gosto deste homem! Do Valladares, é claro!

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Abril

Não gosto textos impregnados com clichés como "triste país", em jeito de pessimismo nacionalista - se bem que é desses que mais nos apetece escrever (basta fazer do meu blog regra).

Não o faço, e penso que ninguém o deveria jamais fazer. Nem que fosse por questões afectivas, por respeito pelos antepassados.

Claro que nem sempre me sinto bem. Por exemplo, estranho ao observar os nossos militares impedidos de contestar, seja por que razão for (desde que legítima). As hierarquias são para respeitar, mas também o eram em Abril de 74, quando esses homens nos abriram o caminho para a revolução.

Não o digo, mas apetece dizer. "Triste país". Nem que fosse por questões afectivas, por respeito pelos antepassados.

Ciao Alfredo

notícias que se recebem com tristeza, mas que ao mesmo tempo devem ser encaradas sem dramas. Ficam sempre as boas recordações. Quando algo assim acontece, costumo avivar as memórias com recurso a uma obra significativa. Desta vez, isso nem será necessário!

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Bella

O italiano Corriere Della Sera noticiou, ontem, o veto do primeiro-ministro Romano Prodi sobre a “Lei de Emergência” para Nápoles. Desconheço o processo, mas manifesto a estranheza do chumbo, já que se tratava de uma “ferramenta” para travar o crime organizado na cidade mais violenta da Europa. Não conheço as motivações de Prodi; mas imagino-as.

Desde 1980, a Camorra napolitana (a máfia) já matou mais do que ETA, IRA e Brigadas Vermelhas todas juntas.

Europa

George Weigel esteve em Lisboa na passada semana a convite do Instituto de Estudos Políticos para dar uma palestra na Universidade Católica. O teólogo norte-americano aproveitou a sua presença no país, para realizar uma mão-cheia de entrevistas, onde abordou, sobretudo, o actual papel da religião nos processos políticos dos Estados Unidos e da Europa (ou na União Europeia, para se ser mais preciso).

Ouvi atentamente a entrevista na Rádio Renascença, onde o seu discurso, além de sublinhar o seu carácter de defensor e promotor da fé cristã (do passado ao futuro), esbarrou no actual padrão de evolução demográfica na Europa. Weigel considera que, a este ritmo, “dentro de meio século a Europa tal como a conhecemos hoje deixará de existir”. Tudo devido à inversão demográfica – e consequentes alterações sociais, culturais e religiosas.

“Em 50 anos, metade da Grã-Bretanha poderá ser regida por leis islâmicas; poderá nascer um Estado islâmico na Bélgica e Holanda; a Turquia será o maior país, em termos demográficos, da União Europeia” – são algumas das ideias-chave do entrevistado, que soam para muitos a alarmismo exacerbado de uma igreja retrógrada.

Eu prefiro agradecer a Weigel pelo alerta e acreditar que, no meio de tanta inércia, surgirá alguém capaz de alterar este rumo, fazendo valer o projecto europeu – cada vez mais débil. Não se trataria de qualquer tipo de filtragem inter comunidades, apenas a defesa dos valores e da identidade que estão na base da construção da (tal) Europa “sem fronteiras”.

P.S.: E não vale a pena conotarem o post. Hoje sinto-me ateu e apolítico.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Pub!

Ninguém fica triste – ou serei apenas eu, sensível que sou! – por o jogador de futebol comum já nem disfarçar a factual frieza sentimental, própria deste universo (de que já gostei mais, diga-se)?

Nem que fosse por uma questão de estratégia – colectiva e pessoal. Então e o spot tipo “pior golo da minha carreira”? Menos uma oportunidade para prostituir a imagem... ou novo exemplo de memória curta!

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Direitos

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
(esta pergunta mereceu a aprovação do Tribunal Constitucional)

Não falta aqui qualquer coisa?
Ou será esta a tão desejada igualdade de direitos.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

"Questão Franco"

O que mais gosto na esquerda – neste caso a portuguesa, embora não me pareça que seja diferente noutro lado qualquer – é o carácter selectivo com que se abordam as questões. Para mim, o branco é sempre branco; para o comunista (este termo sempre me pareceu depreciativo, mas parece que não o é) o branco é branco, mas pode ser preto caso a avaliação seja feita na Coreia do Norte, em Cuba, no Turquistão Oriental ou em mais meia dúzias de locais.

Tais afirmações, talvez em tom de desplante imponderado, surgem na sequência das notícias recentes (dia 10) que dão conta da possibilidade de ser retirado o título “honoris causa”, atribuído pela Universidade de Coimbra, ao ex-ditador espanhol Francisco Franco – grau que, como se sabe, deverá galardoar homens que se distinguiram pelos grandes valores do humanismo e da decência universal.

Na minha opinião, essa medida – já tomada pela Universidade de Santiago de Compostela – reverter-se-ia num erro histórico. Não só este título passaria a ter carácter provisório (obrigando a reavaliações periódicas), como – e a meu ver, isto é o mais importante – menosprezaria juízos, desvirtuando o contexto em que foi atribuído.
Redundaria numa falta de respeito pelas dimensões humana e histórica de uma instituição com 716 anos.


Claro que há uma pergunta inocente a fazer: defenderia o mesmo José Manuel Pureza fosse o galardoado autor de (outras e avermelhadas) atrocidades?

Look XXI

“As agências de modelos brasileiras anunciaram sexta-feira que exigirão um atestado médico antes de contratar as jovens que sonham em subir às passerelles (…)”

Não sei o que é pior: aplaudir o óbvio ou ignorar as responsabilidades! Já as mentes (endinheiradas) da indústria poderão sempre reconstruir, com recurso à TV e outdoors, o estereótipo de beleza que montaram. E que levou – e leva – a isto!

...

Escusam de falar do assunto como se me dissesse respeito. Os envolvidos são três, bem identificados: José Veiga, Sporting e João Vieira Pinto. Entretanto, o Benfica joga à bola frente ao Copenhaga (às 19H45, no Estádio da Luz). E o resto pouco importa.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Bee flight

Eu preferia ter-me ficado pela romã. Mas o homem complicará sempre, na busca da perfeição (?!) – reclama sempre o direito ao teu bairro, mas usa os limites!

Didáctico, divertido e belo muito belo. Aqui.

Post-it #1

Não esquecer: comprar um gravador! As boas ideias surgem-me sempre com lápis e papel fora de mão. E normalmente com os olhos na estrada.

Bairro da Telha

Mais um blog! Segundo dados recentes – e fiando-me numa previsão pessoal mais ampla – este situa-se entre os 101, 4 e os 102 milhões dos que já existem. Calma… agora já deve ter ultrapassado os 102... esperem mais uns minutos e o cenário há-de mudar – belo mundo este, que nos obriga a pensar ao ritmo dos bloggers.

Na solidão do momento, sou capaz de acreditar que este marcará a diferença. É pessoal, mas transmissível (e não custa tentar).