O que mais gosto na esquerda – neste caso a portuguesa, embora não me pareça que seja diferente noutro lado qualquer – é o carácter selectivo com que se abordam as questões. Para mim, o branco é sempre branco; para o comunista (este termo sempre me pareceu depreciativo, mas parece que não o é) o branco é branco, mas pode ser preto caso a avaliação seja feita na Coreia do Norte, em Cuba, no Turquistão Oriental ou em mais meia dúzias de locais.
Tais afirmações, talvez em tom de desplante imponderado, surgem na sequência das notícias recentes (dia 10) que dão conta da possibilidade de ser retirado o título “honoris causa”, atribuído pela Universidade de Coimbra, ao ex-ditador espanhol Francisco Franco – grau que, como se sabe, deverá galardoar homens que se distinguiram pelos grandes valores do humanismo e da decência universal.
Na minha opinião, essa medida – já tomada pela Universidade de Santiago de Compostela – reverter-se-ia num erro histórico. Não só este título passaria a ter carácter provisório (obrigando a reavaliações periódicas), como – e a meu ver, isto é o mais importante – menosprezaria juízos, desvirtuando o contexto em que foi atribuído.
Redundaria numa falta de respeito pelas dimensões humana e histórica de uma instituição com 716 anos.
Claro que há uma pergunta inocente a fazer: defenderia o mesmo José Manuel Pureza fosse o galardoado autor de (outras e avermelhadas) atrocidades?
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