Já tinha decidido afastar-me das sessões de esclarecimento/debate que abordassem a questão do aborto e/ou o referendo de dia 11. Duvido, por esta altura, que alguém tenha dúvidas em relação ao seu sentido de voto.
Mas, para mal dos meus pecados (um velho cliché, que sabe sempre bem!), o compromisso profissional “empurrou-me”, nesta fase, e por várias ocasiões, para diversas mesas de discussão. Eu já decidi como vou votar, embora o que realmente me incomode, em todo este processo, sejam os argumentos que – pelo sim e pelo não – continuam a desviar-me (a mim e aos outros) das urnas.
Mas vamos lá, muito rapidamente, analisar esta campanha:
1. Como primeira abordagem, o cidadão tem os outdoors. Uns mais “ricos” que outros – embora isto tenha mais a ver com a capacidade gráfica do que propriamente com dinheiro (não convém aos placards da esquerda serem demasiado sumptuosos) –, o que ressalta à vista é mesmo a mensagem, suficientemente vazia para a ignorarmos. Alguém se recorda de uma frase que, nesta campanha, tenha feito (re)pensar no referendo?;
2. De seguida, existem as (ditas) sessões de esclarecimento. Encontros de reflexão canalizada e instrumentalizada – nos mais variados cenários, inclusive em órgãos de comunicação. Ridículo, no mínimo, como se evita ou desvaloriza, correntemente, alguns dados contrários – que, ao invés, deveriam ser desmontados (esclarecidos, entenda-se). Esquecer o feto (pelo sim) e a mulher (pelo não) revela, apenas, falta de respeito pela vida (em ambos os casos);
3. O debate público deveria, isso sim, envergonhar os nossos intelectuais. Se a conversa sobre o “Caso Esmeralda” no programa televisivo “Prós e Contras” foi um mau exemplo de isenção, que dizer da forma como foi esta questão tratada, tanto de um lado como de outro, no sentido de convencer o eleitor. A Falta de pudor em público, na hora do apelo às convicções (pessoais), com recurso ao fait-diver é, no mínimo, chocante;
4. A falta de visão – e isto, a meu ver, é que é realmente importante – em relação ao futuro de ambas as partes, que ignoram (ou, pelo menos, revelam-se pouco interessadas), para já, o cenário pós-referendo. O aborto é para ser raro e seguro, pelo feto e/ou pela mãe! Ou não?
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